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Mianmar defende mundo multipolar e aliança entre Rússia, China e Índia

Para premiê de Mianmar, cooperação entre potências desafia domínio ocidental e pode evitar conflitos globais.
Mianmar defende mundo multipolar e aliança entre Rússia, China e ÍndiaSputnik / Mikhail Metzel

Em entrevista exclusiva à RT, o primeiro-ministro de Mianmar, Min Aung Hlaing, defendeu a transição para um mundo multipolar e afirmou que nenhuma potência deve controlar o planeta sozinha.

Segundo ele, a colaboração entre Rússia, China e Índia pode tornar essa multipolaridade uma realidade concreta.  "Um sistema multipolar é a melhor abordagem para evitar conflitos", declarou Hlaing na conversa exibida neste sábado (17). 

O premiê destacou que países em desenvolvimento, como Mianmar, sofreram especialmente sob o que chamou de sistema unipolar - expressão frequentemente usada para descrever o domínio político, militar e econômico dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais após o fim da Guerra Fria.

"É por isso que a transição para um mundo multipolar funciona melhor para nós. É melhor compartilhar os recursos globais, agir com justiça, distribuir as coisas de forma mais equitativa. Os conflitos surgem da desigualdade, então, se queremos evitá-los, acredito que um sistema multipolar é a melhor abordagem", afirmou.

Hlaing apontou que o Ocidente se fortaleceu justamente por dominar o mundo em ciclos de unipolaridade e bipolaridade.

"Os EUA e o bloco ocidental controlaram o mundo através da unipolaridade. Depois, tornou-se bipolar, e da bipolaridade voltou à unipolaridade. Isso fortaleceu o Ocidente", disse. Contudo, segundo o líder de Mianmar, o cenário global está mudando. "Nesta Era, Rússia, China e Índia fizeram avanços tremendos em termos militares, econômicos e científicos. À medida que progrediram, nós nos aproximamos da multipolaridade, e é assim que deve ser. Nenhuma potência única deve controlar o mundo", reiterou.

Para ele, Moscou, Pequim e Nova Délhi são "três potências globais igualmente importantes" e, caso atuem juntas, o mundo multipolar se tornará inevitável.

"Se elas colaborarem e agirem em uníssono, a multipolaridade se tornará uma realidade global. Ninguém aceitará mais essa unipolaridade", enfatizou. Min Aung Hlaing também afirmou que, para prosperarem nesse novo cenário, países menores devem buscar parcerias estratégicas com as três grandes potências asiáticas.

"Fazer essa tentativa vale absolutamente a pena. Precisamos desenvolver nossas próprias capacidades econômicas, ao mesmo tempo em que aumentamos a cooperação entre nós”, argumentou. A entrevista foi concedida durante a visita de Hlaing a Moscou, onde ele esteve como convidado de honra nas celebrações pelos 80 anos da vitória sobre a Alemanha nazista, em 9 de maio.

A aproximação entre Mianmar e a Rússia vem se intensificando nos últimos anos. Em declarações anteriores, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que as relações entre Moscou e Naypyidaw vêm se desenvolvendo de forma constante e têm "bom potencial".

Apenas em 2024, o comércio entre os dois países cresceu 40%, segundo Putin. O líder russo também agradeceu ao governo mianmarense por facilitar a cooperação de Moscou com a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

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