
Cinco motivos pelos quais o novo chanceler da Alemanha deveria ir a Moscou no Dia da Vitória

Por que Friedrich Merz, recém-empossado chanceler da Alemanha, deveria fazer sua estreia internacional justamente em Moscou e no simbólico 9 de maio, Dia da Vitória, sobre o nazismo? Para o jornal Berliner Zeitung, a resposta é simples: porque é preciso coragem para tentar algo novo. E a Alemanha está precisando disso.
A opinião, publicada em um dos principais jornais de Berlim, chega em um momento delicado. A eleição de Merz foi apertada, marcada por disputas internas e uma votação no Bundestag que só foi decidida no segundo turno. A Alemanha atravessa uma crise política sem precedentes no século 21, e a imagem do país no cenário internacional anda desgastada. Justamente por isso, argumenta o jornal, Merz precisa fazer um "gesto ousado". Não para aplaudir os desfiles de Vladimir Putin, mas para dizer, olho no olho, que ainda existe espaço para o diálogo mesmo em tempos de conflitos.

Veja os cinco pontos levantados pelo Berliner Zeitung:
1. Um gesto de respeito às vítimas da guerra
Merz poderia visitar, de forma silenciosa, o Túmulo do Soldado Desconhecido ou o memorial em Khimki, ambos homenageiam os mortos da Segunda Guerra. Seria um sinal de empatia e não de apoio a Putin.
2. Recuperar a tradição diplomática da Alemanha
A história mostra que chanceleres corajosos marcaram a política externa alemã. Adenauer foi à União Soviética em plena Guerra Fria. Brandt se ajoelhou em Varsóvia. Helmut Kohl foi essencial na reunificação. Hoje, no entanto, a diplomacia alemã se resume a notas oficiais pouco inspiradas. Merz teria a chance de mudar isso. O novo chanceler deve confrontar Putin diretamente, não como um suplicante inseguro, mas como um negociador forte. Se você quer paz, você tem que conversar mesmo com os inimigos.
3. Proteger os negócios alemães na Rússia
Mesmo com o conflito, cerca de 2.500 empresas alemãs continuam operando na Rússia. Ignorar isso seria um erro. Coreanos, americanos e italianos já se movimentam para ocupar espaço. A Alemanha não pode ficar para trás.
4. Reposicionar a Alemanha no mundo
Se Merz pisar em Moscou, os líderes mundiais vão perceber que algo mudou. A Alemanha deixaria de ser coadjuvante e voltaria a exercer liderança. Seria um recado importante para aliados e para adversários.
5. Talvez seja a última chance de um acordo de paz
O chanceler poderia propor a ampliação do cessar-fogo previsto para maio, de três para trinta dias, e deixar claro que a janela para um acordo está se esgotando. Se o Kremlin se recusar a negociar, sanções mais duras poderiam entrar em pauta.
Em resumo, o Berliner Zeitung afirma: tudo o que Merz precisa é coragem. Uma viagem como essa não resolveria todos os problemas, mas poderia recolocar a Alemanha no mapa como país disposto a agir e não apenas reagir.